Boa Árvore
Boa Árvore é um lugar para reflexões teológicas, filosóficas e tudo o mais que possa produzir frutos que verdadeiramente alimentem a alma, o espírito e o pensamento nos aproximando daquele que tudo já fez por nós. Os valores de Deus não são necessariamente evangélicos, católicos,religiosos e muito menos ecumênicos. Eles são simplesmente essenciais e sem eles a vida seria impossível.
sábado, 25 de maio de 2013
Drive Tru da oração - qual vai querer, tradicional ou pentecostal?
O cara que fez esse vídeo é cristão, mas é um cristão que tem um senso de humor apuradíssimo.Algumas pessoas podem se sentir ofendidas mas, ele faz uma reflexão do que de fato tem acontecido nesse mercado da fé e mesmo quem não goste do vídeo pode cair na risada.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Escritor: um mentiroso verdadeiro by Ricardo Gondim
Fonte: Ricardo Gondim
Escritor: um mentiroso verdadeiro
Ricardo Gondim
O poeta é um fingidor e finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
Fernando Pessoa
Lamento, sou noviço nessa arte; ainda não sei fingir tão bem. Escrevo há alguns anos neste site, mas não aprendi os potenciais da dissimulação literária. Meus textos acabam desnudando intimidades, expõem vísceras existenciais. Pior, escancaram como porteiras as minhas dúvidas espirituais. Redijo e não me escondo como gostaria (ou precisaria).
Lembro exatamente como este site nasceu. Eu participava de um programa de discipulado que reunia rapazes e moças para meditação, lectio divina e oração uma vez a cada semestre. Pensei enviar, no hiato sem reunião, alguns textos para o grupo refletir e meditar. Depois, a pedido, passei a remeter as mesmas reflexões para uma lista de endereços. Assim o site, por último, tornou-se necessário.
Municio este espaço com pelo menos três posts por semana. Procuro fazer literatura, embora reconheça os meus limites (faltei às aulas de português). Aqui poetizo, embora canhestro. Teologizo com temor – não polemizar, apenas estender o elástico de minhas ideias. A filosofia que rabisco é amadora. Mas nenhum desses movimentos redacionais por si gera grandes dificuldades. O problema vem de eu não ter aprendido o jogo de esconde-esconde da literatura.
Amigos advertiram: “Ricardo, a internet é terra de ninguém; pessoas inescrupulosas pegam o que você escreve para atacar; escreva obviedades, não se exponha”. Acontece que escrever obviedade se tornou muito difícil. Schopenhauer afirmou em “A arte de escrever”: todo escritor medíocre procura mascarar seu estilo próprio e natural. Isso o obriga, em primeiro lugar, a renunciar a toda ingenuidade. Não pretendo mascarar-me e sequer renunciar à ingenuidade. Se me policio, perco a puerilidade. Se me submeter ao rigor de um inquisidor interno, acabo envernizando o texto. Se, amedrontado pelo consenso da maioria, me comporto como leão adestrado. Se aceitar a censura dos bedéis da fé, os que descem o chicote do xingamento, fico manso – e covarde. Igual a Emile Cioran, só tenho vontade de escrever num estado explosivo, numa excitação ou na crispação, num estupor transformado em frenesi, num clima de ajuste contas em que as invectivas substituem as bofetadas e os golpes.
Para me manter minimamente livre e continuar a escrever tomei a decisão de nunca ler mensagens mal educadas ou odiosas. Nos insultos, não passo da segunda linha. Criei um sistema que me ajuda a eliminar e-mails desaforados em menos de cinco segundos. Também larguei mão de tentar responder às questiúnculas que afligem muitos. Acredito que os que desejam saber sobre dízimo, guarda do sábado, sexo oral e anal, masturbação, vinho, a mulher de Caim, que fim levaram as tábuas da lei, e namoro de evangélico com não-evangélico devem procurar bons fundamentalistas – eles têm excelentes blogs. Prefiro a leveza de Rubem Alves: Faz muito tempo, eu gostava mesmo era da claridade. Aí fiquei amigo de um poeta. Mostrei-lhe meus textos. “Luz demais, luz demais”, ele reagiu com desgosto, como se seus olhos só gostassem da noite. “É preciso misturar um pouco de neblina e de sombra às suas palavras, é preciso borrar os contornos… Você não sabe que uma ideia clara faz parar a conversa, enquanto uma ideia mergulhada na sombra dá asas às palavras e a conversa não tem fim”. Talvez seja esta a razão porque Lessing disse que, se Deus lhe oferecesse, na mão direita, o conhecimento da verdade inteira e, na mão esquerda, a busca permanente da verdade, com todos os seus perigos e desapontamentos, ele escolheria a mão esquerda…
Nutro ambições ousadas, desejo dialogar com escritores de primeira linha; gente cujo texto transborda a época e a cultura e que inspiram para além das molduras frias de uma ortodoxia de consenso. Não gosto de responder, prefiro suscitar fome de saber. Antes de dar explicação, desejo alargar as fronteiras que viabilizam reflexão. Não temo colocar um pé do lado de fora da norma rígida. Repito com Zaratustra: sou uma partida em todas as portas.
Insistirei em escrever para que o texto destile a verdade que me ajuda a viver. Se me desnudo, não importam as chacotas. Insisto em publicar o que me inspira, mesmo que pareça confuso, infantil e tosco. Continuarei a despejar-me nas palavras – ainda mais agora que ando enamorado das metáforas, das alegorias e das estórias. Já que decidi não blefar na hora de escrever, recuso encarnar a personagem do olhar oblíquo e dissimulado. Anseio continuar o fingidor que deveras sente.
Soli Deo Gloria
Escritor: um mentiroso verdadeiro
Ricardo Gondim
O poeta é um fingidor e finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
Fernando Pessoa
Lamento, sou noviço nessa arte; ainda não sei fingir tão bem. Escrevo há alguns anos neste site, mas não aprendi os potenciais da dissimulação literária. Meus textos acabam desnudando intimidades, expõem vísceras existenciais. Pior, escancaram como porteiras as minhas dúvidas espirituais. Redijo e não me escondo como gostaria (ou precisaria).
Lembro exatamente como este site nasceu. Eu participava de um programa de discipulado que reunia rapazes e moças para meditação, lectio divina e oração uma vez a cada semestre. Pensei enviar, no hiato sem reunião, alguns textos para o grupo refletir e meditar. Depois, a pedido, passei a remeter as mesmas reflexões para uma lista de endereços. Assim o site, por último, tornou-se necessário.
Municio este espaço com pelo menos três posts por semana. Procuro fazer literatura, embora reconheça os meus limites (faltei às aulas de português). Aqui poetizo, embora canhestro. Teologizo com temor – não polemizar, apenas estender o elástico de minhas ideias. A filosofia que rabisco é amadora. Mas nenhum desses movimentos redacionais por si gera grandes dificuldades. O problema vem de eu não ter aprendido o jogo de esconde-esconde da literatura.
Amigos advertiram: “Ricardo, a internet é terra de ninguém; pessoas inescrupulosas pegam o que você escreve para atacar; escreva obviedades, não se exponha”. Acontece que escrever obviedade se tornou muito difícil. Schopenhauer afirmou em “A arte de escrever”: todo escritor medíocre procura mascarar seu estilo próprio e natural. Isso o obriga, em primeiro lugar, a renunciar a toda ingenuidade. Não pretendo mascarar-me e sequer renunciar à ingenuidade. Se me policio, perco a puerilidade. Se me submeter ao rigor de um inquisidor interno, acabo envernizando o texto. Se, amedrontado pelo consenso da maioria, me comporto como leão adestrado. Se aceitar a censura dos bedéis da fé, os que descem o chicote do xingamento, fico manso – e covarde. Igual a Emile Cioran, só tenho vontade de escrever num estado explosivo, numa excitação ou na crispação, num estupor transformado em frenesi, num clima de ajuste contas em que as invectivas substituem as bofetadas e os golpes.
Para me manter minimamente livre e continuar a escrever tomei a decisão de nunca ler mensagens mal educadas ou odiosas. Nos insultos, não passo da segunda linha. Criei um sistema que me ajuda a eliminar e-mails desaforados em menos de cinco segundos. Também larguei mão de tentar responder às questiúnculas que afligem muitos. Acredito que os que desejam saber sobre dízimo, guarda do sábado, sexo oral e anal, masturbação, vinho, a mulher de Caim, que fim levaram as tábuas da lei, e namoro de evangélico com não-evangélico devem procurar bons fundamentalistas – eles têm excelentes blogs. Prefiro a leveza de Rubem Alves: Faz muito tempo, eu gostava mesmo era da claridade. Aí fiquei amigo de um poeta. Mostrei-lhe meus textos. “Luz demais, luz demais”, ele reagiu com desgosto, como se seus olhos só gostassem da noite. “É preciso misturar um pouco de neblina e de sombra às suas palavras, é preciso borrar os contornos… Você não sabe que uma ideia clara faz parar a conversa, enquanto uma ideia mergulhada na sombra dá asas às palavras e a conversa não tem fim”. Talvez seja esta a razão porque Lessing disse que, se Deus lhe oferecesse, na mão direita, o conhecimento da verdade inteira e, na mão esquerda, a busca permanente da verdade, com todos os seus perigos e desapontamentos, ele escolheria a mão esquerda…
Nutro ambições ousadas, desejo dialogar com escritores de primeira linha; gente cujo texto transborda a época e a cultura e que inspiram para além das molduras frias de uma ortodoxia de consenso. Não gosto de responder, prefiro suscitar fome de saber. Antes de dar explicação, desejo alargar as fronteiras que viabilizam reflexão. Não temo colocar um pé do lado de fora da norma rígida. Repito com Zaratustra: sou uma partida em todas as portas.
Insistirei em escrever para que o texto destile a verdade que me ajuda a viver. Se me desnudo, não importam as chacotas. Insisto em publicar o que me inspira, mesmo que pareça confuso, infantil e tosco. Continuarei a despejar-me nas palavras – ainda mais agora que ando enamorado das metáforas, das alegorias e das estórias. Já que decidi não blefar na hora de escrever, recuso encarnar a personagem do olhar oblíquo e dissimulado. Anseio continuar o fingidor que deveras sente.
Soli Deo Gloria
segunda-feira, 11 de março de 2013
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